Uso e apropriação de espaços públicos

Através de órgãos municipais, como as secretarias de planejamento urbano ou departamentos de transportes. Pensar, planejar e interferir nos espaços urbanos é uma das tarefas principais do arquiteto que trabalha com urbanismo. Com o propósito de melhorar os ambientes e contribuir com a sociedade, o urbanismo é uma forma de trazer mais qualidade a cidade onde vivemos. A existência dos abrigos de ônibus configura-se como pontos de chegada e saída, atraindo moradores de vários bairros, que se dirigem ao centro da cidade, intensificando o uso do espaço como local de passagem. Observa-se o número significativo de usuários que utiliza o local para encontro, demonstrando que a praça ainda é espaço representativo para os habitantes se reunirem, sendo bastante conhecido na cidade. No caso da Praça João Luis Ferreira, a densa vegetação existente reduz a temperatura, tornando o local agradável.

A intervenção urbana inserida em uma comunidade já existente deve compartilhar a visão e o planejamento desde a primeira etapa do processo, para incentivar a apropriação daquele espaço dentro daquela comunidade. O surgimento das cidades remonta aos primórdios da civilização, quando as primeiras comunidades se estabeleceram em locais estratégicos para facilitar a agricultura e o comércio. Com o passar do tempo, essas comunidades evoluíram para assentamentos mais complexos, com sistemas de governo, infraestrutura e divisão de trabalho. Nesse contexto, é possível afirmar que a última reforma estrutural da praça, em 2008, foi bem-sucedida, pois possibilitou formas alternativas de apropriação quando comparadas à praça originalmente concebida. Tais apropriações surtiram efeitos positivos nos usuários, prolongando sua vida útil enquanto espaço bem-aceito e valorizado por seus usuários cotidianos.

Como afirma Milton Santos, “para estudar o espaço, cumpre aprender sua relação com a sociedade, pois é essa que dita a compreensão dos efeitos dos processos [tempo e mudança] e especifica as noções de forma, função e estrutura, elementos fundamentais para nossa compreensão da produção do espaço” (1). No entanto, a questão da privacidade e segurança adquire um novo significado hoje, à medida que as pessoas em todo o mundo são advertidas a abandonar os espaços compartilhados por medo da disseminação da COVID-19. Como a arquitetura, especialmente em áreas densas, pode reduzir o risco de inevitáveis pandemias futuras? Será que a ansiedade com a higiene instigada pelo coronavírus terá efeitos duradouros sobre a maneira como os arquitetos e planejadores urbanos projetam o futuro? Curiosamente, enquanto muitos trabalhadores não essenciais passam mais tempo em casa, alguns notaram que as ruas vêm, na verdade, se tornando mais utilizadas pelos pedestres. Em um artigo do New Yorker de alguns meses atrás, o arquiteto Ilias Papageorgiou observa que em Atenas as pessoas estão andando mais e em partes da cidade onde nunca haviam estado antes.

Isso inclui a promoção de transporte público eficiente, o incentivo ao uso de energias renováveis, a criação de espaços públicos acessíveis e a valorização da arquitetura e do design sustentáveis. Nas últimas décadas do século 19, americanos olhando suas próprias cidades perceberam que necessitavam de parques para criar amenidades no espaço urbano. Eles obtiveram inicialmente seu conceito de parque urbano de soluções tradicionais, com base no estilo inglês, porém passaram a inserir outros elementos paisagísticos e de circulação, como portões ornamentais, jardins formais e áreas de recreação como campos de baseball (28). Diferente dos parques ingleses, estes passaram a ser construídos nos centros urbanos, como uma tentativa de democratização desses espaços.

O que se percebe é que termos como cidade, espaço público, parque urbano transpassam gerações e estruturas sociais, mas os conceitos e concepções desses espaços se modificam de acordo com os arranjos sociais temporalmente e socialmente. Como afirma Paulo César da Costa Gomes, “tudo muda, a forma física, sua estrutura, seus valores, sua dinâmica, também as práticas sociais, os usos, a estrutura de poder e planta de casas térreas prestígio social etc.” (5). Raymond Williams afirma que a realidade histórica é variada, e “o que há em comum entre as cidades antigas e medievais e as metrópoles e conurbações modernas é o nome e em parte a função – mas não há em absoluto relação de identidade” (6). O mesmo pode ser dito em relação ao espaço público e aos parques urbanos, pois são partes dessa cidade que se modifica ao longo do tempo.

Apropriação do espaço livre público na metrópole contemporânea: o caso da Praça Tiradentes em Curitiba/PR

Assim, tornam-se banalizados ou relegados ao esquecimento, recebendo uma função totalmente diversa daquela planejada, como estacionamentos, terminais de transporte público, pontos de comércio ambulante etc. Tal como os espaços públicos, as concepções e os conceitos de parques são dinâmicos e específicos de uma realidade delimitada no tempo e no espaço, mas que se relacionam entre si entorno da natureza, contemplação e recreação. Contudo congelar um conceito ou um modelo arquitetônico não abarca a realidade e a relações internas e externas que constroem os diferentes arranjos socioespaciais de cada momento. As obras de arte que estão insertas nos espaços públicos precisam ser respeitadas em projetos de requalificação urbana por fazerem “[…] parte importante da memória coletiva da cidade […]”.

Das primeiras comunidades à era moderna: o surgimento e desenvolvimento das cidades

A importância histórica da Praça Tiradentes reflete tanto na preocupação do poder público em mantê-la renovada e atraente como no apego e no respeito que os usuários demonstram ter pelo local. Tais atitudes contribuem para tornar a praça um espaço livre público especial quando comparado a outros do centro da cidade. A praça apresentou uma dinâmica típica dos espaços livres centrais de Curitiba, com expressivo fluxo de pedestres e veículos, abrigando usuários de perfil bastante diversificado. Em geral, constatou-se que as atividades predominantes na praça eram as de permanência e de circulação, que se desenvolviam com maior intensidade durante o dia. Fora do horário comercial, das 9h às 18h, a dinâmica da praça mudava bruscamente devido ao esvaziamento da área central. A linha se propõe a incidir sobre o campo da arquitetura e do urbanismo e suas articulações com as suas dimensões produtivas e sociais e o campo cultural mais amplo.

Como a urbanidade influencia a qualidade de vida das pessoas?

No século XIX e até meados do século XX, as praças tinham grande importância para a vida citadina, funcionando como local de lazer e sendo o centro dos acontecimentos e novidades que ocorriam na cidade. Lima (2001) afirma que, ao longo dos tempos, as praças representavam o lugar de encontro, de comunicação, de trocas de mercadorias, de festas populares e de manifestações políticas, estando também associada à ideia de centro da cidade ou do bairro, locais para onde convergem e se concentram seus habitantes. Os usos e funções desses espaços foram modificando-se e adequando-se às mudanças e às necessidades da sociedade. Num momento em que planta de casa térrea o mundo busca qualificar as cidades em prol do meio ambiente e da saúde da população, projetos de transformação urbana desempenham um papel importante. Diferentes formas de intervenções nas cidades podem alterar áreas construídas ou espaços públicos com o objetivo de tratar questões sociais ou até reativar a economia local. De maneira geral, os usuários eram trabalhadores, empregados de estabelecimentos comerciais localizados no entorno, que utilizavam a praça em seu horário de intervalo, ou pessoas de passagem, atraídas pelos serviços e comércios da área central de Curitiba ou em vias de utilizar o serviço de transporte público.

Com isso, a praça deixou de ser um local com prioridade de interação social para se tornar um local caracterizado pela atividade comercial. Segundo Robba e Macedo (2002), alguns projetos oficializaram a apropriação informal nas praças por feiras livres e camelôs. Teresina está situada à margem direita do rio Parnaíba, sendo banhada também pelo rio Poti, apresentando a posição geográfica de 5º5’12” de latitude sul e longitude oeste de 42º48’42”. O traçado do plano da cidade de Teresina foi estruturado a partir de um rígido formato geométrico, que lembra um tabuleiro de xadrez, com suas ruas alinhadas, quarteirões pequenos e um grande largo circundado por prédios administrativos e religiosos. Suas ruas paralelas partiam “[…] do rio Parnaíba, a Oeste, em direção ao rio Poti, contendo um espaço urbano delimitado por dezoito quadras no sentido norte-sul e doze no sentido leste-oeste […]” (LIMA, 1996, p. 18).


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