Homens gays podem performar masculinidade ou não.“Ser gay pra mim é ter aprendido desde sempre que o bonito da vida (mesmo que dolorido as vezes) está nas diferenças, que o amor nasce da união e que existem famílias que nós temos oportunidade de escolher. Ser gay pra mim é lutar pra ter o direito de amar.” – Luís Carneiro, curso de Turismo, UFMG. A conceituação de Gênero, enquanto possibilidade de “entender processos de construção/reconstrução das práticas das relações sociais, que homens e mulheres desenvolvem/vivenciam no social” (Bandeira e Oliveira, 1990, p.8), tem redundado em algumas questões que precisam ser melhor clareadas. Em primeiro lugar, o conceito tem uma história, pois ao longo dos séculos, as pessoas utilizaram de forma figurada “os termos gramaticais para evocar os traços de caráter ou os traços sexuais” (Scott, 1995, p.72). Assim, já em 1878, Gladstone, citada por Scott, afirmava que “Atena não tinha nada do sexo além do género, nada da mulher além da forma” (p. 72). Identidade de gênero diz respeito à experiência interna e individual relacionada ao gênero com o qual a pessoa se identifica.
Para o jornalista Ilya Topper, usar a palavra gênero para descrever “estereótipos associados ao sexo” é um erro, um neologismo derivado do inglês. A partir dessa teoria, diz-se que o sexo é uma construção, o que não significa que ele seja algo falso ou artificial. “O problema básico é que termos um pensamento binário”, diz Coral Herrera, escritora e doutora em Humanidades e Comunicação pela Universidade Carlos III de Madrid, na Espanha. Na Espanha, por exemplo, um projeto de lei trans que contempla a autodeterminação de gênero está sendo discutido por políticos. Isso não exclui outras combinações de cromossomos, hormônios e órgãos que podem levar uma pessoa a se considerada intersexual. Já que o impacto desse debate pode ser sentido em diversas áreas da vida cotidiana, o debate sobre esse tema precisa ser feito levando isso em consideração.
As pessoas podem se identificar mais com uma sexualidade do que com outra em diferentes momentos de suas vidas. Para Sperafico, o debate também pode “desconstruir as amarras que subjugam as mulheres, limitando suas existências além de lhes expor à violência, aliviar os homens e permitir que vivam em plenitude suas emoções, desfrutando de tudo o que se desdobra a partir disso e equilibrar as relações sociais de poder”. O impacto da identidade de gênero é muito grande na vida de uma pessoa, já que diz respeito à forma como ela se identifica, vive e é reconhecida pela sociedade.
O gênero não é determinado biologicamente, como resultado das características sexuais de mulheres ou homens, mas é construído socialmente. Segundo a OMS, o gênero tem implicações para a saúde ao longo da vida de uma pessoa em termos de normas, papéis e relações. Dessa forma, a escola juntamente com os (as) professores (as), como transmissores do conhecimento, tem uma grande importância na construção da cidadania, logo, necessitam estar preparadas (as) para a diversidade dos modos de cada indivíduo viver sua infância e sexualidade bem como para os impactos das escolhas de cada aluno (a). Durante o período de observação nesta sala foi percebido ainda que a professora tende a legitimar papéis de meninos e meninas, fato notado em diversas situações, como exemplo, podemos citar uma briga que aconteceu do lado de fora da escola envolvendo três de suas alunas. Nesse sentido, é preciso que o (a) professor (a) tenha inicialmente o conhecimento sobre os conceitos de relação de gênero e sexualidade para que possa assumir uma postura crítica e reflexiva diante destas questões. Segundo Louro (1997) a linguagem além de ter o poder de exercer o ocultamento do feminino, ela também tem o poder de ocultamento ou negação da homossexualidade.
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Com este estudo buscamos investigar as relações de gênero na prática educativa na UEB Bandeira Tribuzzi no Xvideos município de São Luís. Para tanto foi necessário analisar alguns conceitos associados a questões de gênero na escola, buscando-se perceber a postura das professoras em sala de aula. Sendo possível discutir pressupostos relacionados à discriminação e preconceito, igualdade de gênero e padrões de comportamento. A partir da compreensão sobre as diferenças corporais e sexuais, culturalmente se cria na sociedade, idéias e valores sobre o que é ser homem ou mulher. Isso significa que as questões de gênero têm ligação direta com a disposição social de valores, desejos e comportamentos no que tange à sexualidade. Na maior parte das salas as professoras buscam trabalhar com a igualdade e equidade mostrando que homens e mulheres têm igual valor, visto que todos são seres humanos.
Isso acontece porque a expressão de gênero leva em conta muito mais fatores sociais e culturais do que biológicos. Orientação sexual é a maneira como um indivíduo se relaciona afetiva e sexualmente com outras pessoas. Já a identidade de gênero é como uma pessoa identifica seu próprio gênero e como ela se apresenta socialmente.
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A identidade de gênero refere-se à forma como uma pessoa se identifica, e não necessariamente ao gênero que lhe foi designado ao nascer. Portanto, é possível que uma pessoa escute durante a infância que é um homem, mas, em seu interior, não se enxerga desta maneira. A partir daí, a escola se torna um local para se detectar e pensar os estereótipos sexuais, pois nela se manifesta de forma notável a diferença de comportamento entre meninos e meninas. Como pontua Robert Connell (1995, p.189 apud Louro 1997) “[…]no gênero a prática social dirige corpos[…]”, sendo assim a escola como espaço socializador tem a missão de desmistificar as questões atribuídas ao gênero. Connell evidencia ainda que o menino aprende a conduta masculina e desta forma se afastam do comportamento feminino, iniciando-se o processo de diferenciação no qual o homem é superior a mulher. A escola/professor (a) lida com a relação de gênero no seu cotidiano, mas na maioria das vezes não percebe suas influências na constituição das subjetividades nas crianças que quase sempre são identificadas (de acordo com o gênero) como meninos e meninas.
Por outro lado, a orientação sexual se refere por quem a pessoa sente atração romântica e sexual. Ainda existe a expressão de gênero, que representa o modo como o indivíduo expressa o seu gênero para a sociedade, seja através das roupas, da linguagem, de atitudes, gestos, entre outros. E a escola tem grande responsabilidade no processo de formação de futuros cidadãos e cidadãs ao desnaturalizar e desconstruir as diferenças de gênero, questionando as desigualdades daí decorrentes.
Mais do que isso, não levavam em conta o engajamento do movimento feminista, suas lutas e estudos, na elaboração das análises. Algumas pessoas se identificam com um gênero diferente do que é imposto a elas em função de seu sexo biológico. É inadmissível, sob o aspecto dos direitos humanos, e ignorância considerar pessoas transgêneras com transtornos de personalidade, ou aberração da natureza, ou vergonha moral, porque fogem aos padrões da maioria. Foi nesse sentido e para ajudar a firmar a tese da cidadania e inclusão que o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFam), atuou como amicus curiae neste significativo e histórico processo proposto pela Procuradoria-Geral da República, que, afinal, vem ajudar na despatologização da pessoa trans.
É possível existirem mulheres trans lésbicas (que se atraem por mulheres) e homens trans heterossexuais (que se atraem por mulheres). Um homem que tem atração exclusivamente por mulheres é uma pessoa heterossexual, assim como uma mulher que possui atração por homens. Expectrassexual é um termo que descreve aqueles que são romanticamente e sexualmente atraídos por vários sexos, gêneros e identidades de gênero, mas não todos eles. “A identidade de gênero é a forma pela qual eu expresso o gênero com o qual eu me identifico”, resume Bruna Benevides que é TransAtivista e Secretaria de articulação política da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
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É importante lembrar que uma pessoa pode sentir diferentes tipos de atração por diferentes gêneros. Por exemplo, uma pessoa pode sentir atração sexual por um ou mais gêneros e atração romântica por gêneros diferentes. As pessoas que se identificam como polissexuais sentem atração sexual ou romântica por mais de um gênero. Este é um termo que se refere àqueles que sentem atração romântica, mas não atração sexual, por alguém de qualquer gênero ou sexo. As pessoas que são heterossexuais normalmente sentem atração sexual e romântica por pessoas de um gênero diferente do seu. Uma pessoa que se identifica como alossexual normalmente sente atração sexual por outras pessoas.
Porém as brincadeiras são geralmente as mesmas, as meninas desta escola gostam muito de correr assim como os meninos, diferenciando-se em poucos aspectos como o das figurinhas de artistas que em geral são as meninas as maiores colecionadoras. Dessa forma, não queremos então culpar o adulto, mas como defendem César Nunes e Edna Silva (2000) mostrar que estas posturas são historicamente construídas logo passíveis de serem igualmente mudadas. O (a) professor (a) precisa, portanto, incentivar, sim, a formação de grupos heterogêneos, porém é importante desmistificar estas questões também com base em relações afetivas e emocionais, mostrando que acima do sexo está o fato de todos sermos seres humanos sendo importantes de igual forma. Teremos de ser capazes de um olhar mais aberto, de uma problematização mais ampla (e também mais complexa), uma problematização que terá de lidar necessariamente, com as múltiplas e complicadas combinações de gênero, sexualidade, classe, raça, etnia.